No vídeo a seguir, os profissionais Luiz Guilherme Mendes de Paiva, Patrícia Von Flach e Zila van der Meer Sanchez debatem sobre os programas preventivos ao uso de drogas e sobre a melhor forma de implementá-los.
Redes para promoção, prevenção,
redução de danos e tratamento
No vídeo a seguir, os profissionais Luiz Guilherme Mendes de Paiva, Patrícia Von Flach e Zila van der Meer Sanchez debatem sobre os programas preventivos ao uso de drogas e sobre a melhor forma de implementá-los.
A Bioética de Intervenção busca politizar de modo ético e crítico o modo de lidar com os conflitos biotecnocientíficos, sanitários, sociais e ambientais a partir da realidade vivida pela população das nações periféricas, em especial na América Latina. No contexto das drogas, a bioética da intervenção é introduzida como ferramenta impositiva e autoritária para a realização de tratamentos que visem a promoção do bem estar e equidade social do sujeito/usuário destas substâncias.
As diversas questões relacionadas ao uso/abuso de substâncias psicoativas lícitas e ilícitas é, lamentavelmente, um tema negligenciado pela Bioética brasileira. Frequentemente atribui-se o consumo de psicoativos à desorganização familiar, e não raro, se atribui aos produtos ilícitos, mais comumente a maconha, a cocaína ou o crack, a responsabilidade por inúmeras situações danosas na sociedade, que, por sua vez, acabam sendo reprimidas de forma violenta pela policia armada.
Desta forma, o uso destes produtos lícitos e ilícitos não deveria ser considerado a causa dos problemas e sim, muito mais, consequência da insuportável desigualdade social e das repercussões sobre a geografia das oportunidades que exclui a maioria das pessoas, sobretudo nas regiões menos desenvolvidas ou em desenvolvimento.
Nesse sentido, a prevenção do consumo, em particular do consumo disfuncional (abusivo, nocivo ou prejudicial), não se fará através de intervenções circunstanciais orientadas pelo preconceito, exclusão ou simplesmente apoiadas na ideia de um mal demoníaco, mas sim, através do desenvolvimento de políticas públicas que atendam às necessidades das populações em sua diversidade geográfica e cultural.
Neste vídeo o jornalista Delmar Gularte entrevista o Prof. Dr. Antônio Nery Filho e discutem sobre a ética, a moral e a Bioética dentro do contexto de uso de drogas.
As razões são muitas e variadas! Felizmente, ao longo da última década, os estudos no campo do abuso e dependência de drogas tornaram-se mais sólidos e estão promovendo uma compreensão mais socioecológica dos fenômenos e menos moralizante.
Por muito tempo, os programas de prevenção ao uso de drogas foram demasiadamente concentrados no fornecimento de informações sobre os malefícios do consumo dessas substâncias. Hoje, a abordagem de promoção da saúde é considerada a mais próxima do ideal. No entanto, independentemente de qual abordagem utilizar, ambas são válidas e complementares, e a decisão por uma delas dependerá não só da pergunta a ser respondida, mas também dos aspectos logísticos e operacionais, como o tempo e o orçamento disponíveis para a coleta das informações e avaliação dos dados.
Embora não exista um conceito absoluto e irrefutável do termo saúde, podemos compreendê-la como a capacidade de adaptação e autogestão em face de desafios sociais, físicos e emocionais. Afirmação semelhante pode ser feita em relação ao entendimento do que é doença: por exemplo, a dependência de ópio é considerada, no Afeganistão, um comportamento normal e não patológico, enquanto esse mesmo comportamento é, em quase todos os outros países do mundo, interpretado como uma doença que deve ser tratada.
De acordo com Marc Lalonde (1974), a saúde depende de quatro pilares que interagem e se complementam para a manutenção da saúde e definição do nosso perfil clínico. Veja cada um deles no infográfico abaixo.
A saúde e a doença, bem como o uso e não uso de drogas, distribuem-se de maneira desigual nas populações, ou seja, algumas pessoas têm mais chance de adoecer do que outras. No caso do uso, abuso e dependência de drogas, sabemos que existem alguns fatores que podem determinar o nível de risco que as pessoas têm para iniciar esse comportamento. Esses ditos “determinantes” apontam a chance do uso, do abuso e da dependência de drogas ocorrer para cada sujeito, apesar de não determinarem que esses padrões irão realmente se estabelecer. Veja, no gráfico abaixo, quais fatores são estes:
A promoção de saúde consiste em proporcionar aos sujeitos formas de exercerem mais controle sobre sua saúde, identificando sua relação com uma ampla gama de fatores políticos, econômicos, ambientais e socioculturais, além dos biológicos. A saúde promocional está alicerçada na capacitação da comunidade para atuar na melhoria da qualidade de vida e saúde de toda a população, e não apenas em situações consideradas “de risco”, por isso esta responsabilidade deve ser compartilhada por diversos setores sociais e não ser exclusiva do setor da saúde. Neste sentido, as estratégias de promoção de saúde devem:
"Promoção de saúde implica o fortalecimento da capacidade individual e coletiva de lidar com a multiplicidade dos determinantes e condicionantes de saúde, buscando redução de riscos ou vulnerabilidade e fortalecimentos da proteção integral".
A prevenção do uso de álcool, tabaco e de outras drogas como um dos eixos da promoção de saúde é a base das políticas nacionais de saúde. Assim é possível, por meio de técnicas de promoção, prevenir o início do consumo de drogas ou sua manutenção.
A base da prevenção a ser tratada neste contexto reside na redução da incidência e prevalência do uso de drogas por meio da redução ou eliminação dos fatores de risco e aumento dos fatores de proteção, ou seja, em uma prevenção baseada na promoção de saúde e no aumento do bem estar do sujeito.
"Há consenso no meio científico de que o uso e abuso de substâncias psicotrópicas é multifatorial e que os principais fatores envolvidos são a curiosidade, obtenção de prazer, influência do grupo, pressão social, baixa autoestima e dinâmica familiar. Nesse contexto, as escolhas feitas por nós estarão sujeitas a inúmeros fatores externos e internos que, no balanço final, irão gerar uma atitude diante da decisão de consumir ou não drogas".
Apesar da existência de diversos estudos científicos que avaliam o impacto, aceitabilidade e eficácia de diversos programas de prevenção, a transferência do conhecimento científico para a prática tem sido muito limitada. Atualmente, podemos dividir os programas de prevenção em doze categorias, conforme detalhamos no quadro abaixo:
Para estruturar um programa eficaz de prevenção o ideal é mapear o perfil do grupo que receberá a intervenção e assim, estruturar um programa que abarque o máximo possível de abordagens e que ofereça ao grupo a oportunidade de mudar o seu comportamento de maneira contínua, englobando diversos domínios de prevenção.
Neste sentido, um programa potencialmente eficaz de prevenção deve:
Um dos aspectos fundamentais para desenvolver ações dirigidas para as pessoas que usam álcool e outras drogas é considerar a sua diversidade. Embora muitas vezes possamos perceber que pessoas que têm graves problemas com drogas apresentam certas características e comportamentos semelhantes entre si, cada uma delas é diferente.
Desconhecer essa diversidade pode provocar visões equivocadas em que se generaliza uma experiência particular para o coletivo de todas as pessoas que usam drogas.
Distribuição dos problemas relacionados ao uso de álcool e de outras drogas e a complexidade dos recursos necessários
Pilares do cuidado integral às pessoas que usam drogas
Redução de danos são princípios e ações que se configuram como uma estratégia de abordagem dos problemas com as drogas que não pressupõe a necessidade imediata e obrigatória de extinção do uso de drogas, seja no âmbito da sociedade, seja no caso de cada sujeito.
Tem como foco a formulação de práticas que diminuem os danos para aqueles que usam drogas e para os grupos sociais com que convive.Ainda existem grandes desafios para que os problemas com as drogas encontrem soluções mais satisfatórias. Dentre esses desafios, encontram-se as situações de risco as quais o sujeito envolvido com drogas está exposto, assim como o risco que ele oferece aos demais e, apesar disso, não haver compreensão e aceitação por parte dele, da necessidade de tratamento.
Nessa situação, é importante diferenciar o que é um risco imediato, concreto e grave e o que é um risco suposto, em longo prazo ou menos provável.
A rede familiar de uma forma geral, seus entes mais próximos (familiares, amigos, colegas ou chefia de trabalho), podem ajudá-lo a restabelecer seu controle da vontade.
Temos, contudo, de considerar a complexidade das questões e a particularidade da situação diversa de cada um dos envolvidos. O que pode funcionar muito bem para um pode ter, evidentemente, resultados desastrosos para outro.
Neste momento, convidamos você a assistir ao programa "Redes para o Cuidado e Prevenção aos Problemas Relacionados ao Uso de Drogas". Nele o apresentador Jairo Bouer media a conversa entre os especialistas Andreia Galassi, Décio Castro Alves e Samia Abreu e alguns tutores do nosso Curso!
Ao longo desses três blocos do programa você conhecerá alguns projetos muito interessantes, como o #TAMOJUNTO, Corra pro Abraço, e o Programa Fortalecendo Famílias, além do Jogo Elos, que têm impactado de forma muito positiva diversas comunidades.
Confira!
Neste momento, convidamos você a refletir e, quem sabe, debater com a comunidade, acerca do seguinte tema:
Quais estratégias você considera que produzem melhores resultados com relação à prevenção dos problemas relacionados ao uso de álcool e outras drogas? Em que se baseiam essas estratégias (aspectos técnicos, políticos, sociais)?
Esperamos que as reflexões suscitadas a partir destes questionamentos contribuam para você atuar de forma mais crítica e capaz dentro de sua comunidade.
Retrospectiva do Módulo 2
Neste segundo módulo foram aprofundados os seguintes assuntos:
Agora convidamos você à reforçar seu conhecimento respondendo as questões autoavaliativas, que consiste em perguntas objetivas referentes a cada módulo. Você poderá visualizá-las acessando o espaço indicado na Webteca.
Bons estudos!